FELICIDADE – Happiness

Cartaz do filme FELICIDADE – Happiness
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Opinião

Avassalador e escancarado. Das três irmãs deprimidas, infelizes e frustradas, a única que vive verdadeiramente sua miséria emocional, solidão e busca pela felicidade nunca encontrada  se chama ironicamente Joy (alegria, contentamento, felicidade). O resto dos personagens vive na mentira, na ilusão ou na perversão – ou em todos ao mesmo tempo. Assim é o filme do diretor Todd Solondz, que tem uma releitura em A Vida Durante a Guerrade 2009, com personagens parecidos e mazelas humanas absolutamente idênticas e enraizadas – tanto é que se repetem sem qualquer pudor.

Felicidade impressiona pela constante ironia. Ironiza o modo de vida de Helena, que mascara sua vida fútil e bem sucedida na profissão e no amor com mentiras, sutis e falsas humilhações; de Trish, que vive um casamento de fachada com um homem dissimulado, violento e pedófilo; e de Joy, a aspirante a cantora, frustrada com a carreira musical, humilhada a vida toda pelas irmãs Helen e Trish, envolvida em relacionamentos negativos. Ironiza e evidencia o modo de vida hipócrita de quem vive de aparências, moldado somente pelo código social e não pela ética e pela decência. E de todos os envolvidos, filho, marido, terapeuta, vizinho, paciente. É uma ironia ao sonho americano, remetendo em alguns momentos à frieza e angústia de Beleza Americana.

Pedofilia e o sexo desvirtuado são enfatizados na sua forma mais perversa, principalmente na relação do pai com o filho adolescente. É preciso ter estômago para assistir a essas cenas, porque incomoda – e muito. Embora em 1998 a internet estivesse em outro patamar, essas cenas fizeram-me lembrar de Confiar, também no Cine Garimpo e nos cinemas. É a mesma coisa, só agregamos mais uma forma de abordagem – mais abrangente e talvez até mais eficaz do ponto de vista do criminoso. Felicidade é uma ironia e uma crueldade do começo ao fim, no que seus personagens tem de pior – mas nem por isso menos real e menos importante para a reflexão sobre o autoconhecimento e as relações humanas, a começar pela própria família. Acho até que eu estou sendo redundante – é só reparar na escolha do título Felicidade para imaginar a intensidade da crítica proposta por esse polêmico diretor.

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