ESPLENDOR – Radiance

Cartaz do filme ESPLENDOR  – Radiance

Opinião

O cinema japonês consegue acessar aquele lugar mais profundo das emoções e dos sentidos. É aquele lugar mais comum – mas também o mais temido. A jovem Misako trabalha com audiodescrição, serviço que descreve as cenas de filmes que os deficientes visuais não conseguem acompanhar. Tem que ter sensibilidade, sem subestimar a imaginação de quem não enxerga, mas tem sentidos aguçados que vão muito além das palavras.

A audiodescrição possibilita que cegos assistam ao filme e sintam a emoção da história. Misako (Ayame Misaki) escreve esse roteiro sobre as cenas que não têm diálogo. Apresenta sua narrativa na empresa onde trabalha para algumas pessoas com deficiência visual e ouve delas o feedback de que é preciso entender até onde a imaginação é capaz de chegar para, então, descrever em palavras o que se vê na tela.

Na figura do ex-fotógrafo que vai perdendo a visão está a metáfora da diretora Naomi Kawase, também do delicado e doce Sabor da Vida. Para quem vivia da imagem, não poder enxergar mais é como perder a vida e todas as suas referências. Diante da não aceitação, Masaya é amargo, resiste à mudança e não deixa seus sentidos enxergarem e perceberem a vida diferente. É desse “enxergar” que a diretora fala. Do “enxergar” que vai além dos olhos e passa, obrigatoriamente, pelo coração.

 

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