EM UM MUNDO MELHOR – In a Better World

Cartaz do filme EM UM MUNDO MELHOR – In a Better World

Opinião

A Dinamarca escolheu Em um Mundo Melhor para representar o país no Oscar 2011, tentando uma vaga na categoria ‘melhor filme estrangeiro’ – e venceu. Assim como o outro filme da diretora Susanne Bier, Depois do Casamento, este também tem um roteiro embasado em fortes dualidades. Fala da miséria e barbárie da África e da estabilidade e previsibilidade da Europa; da violência humana explícita nas tribos africanas e também da violência humana mascarada e protegida do primeiro mundo; do bem e do mal, do amor e da vingança inerentes ao ser humano. São os contrastes visuais e comportamentais que prendem a atenção, causam emoção e não o deixam sair do cinema indiferente.

Há duas histórias paralelas que constroem a trama, em continentes diferentes. Anton é um médico dinamarquês que passa temporadas num campo de refugiados africano cuidando dos doentes e daquelas pessoas brutalmente feridas por gangues da região. Quando volta para a Europa, volta para seus filhos, para a ex-mulher e todas as questões pessoais e de relacionamento humano envolvidas. Entre elas está o bullying que Elias, o filho mais velho, vem sofrendo na escola (tema bastante pertinente) e as novidades que surgem da sua amizade com Christian – um garoto novo na escola, que acaba de perder a mãe.

São vários os conflitos e acho esse o grande trunfo do filme. Além de ser um filme visualmente europeu, consegue trazer à tona questões como a violência psicológica e física de adolescentes nas escolas, perturbações psicológicas causadas por relações familiares distantes e superficiais, violência selvagem pelo prazer de ferir e matar. Consegue aproximar a África da barbárie e da insalubridade, da Dinamarca organizada, civilizada e supostamente equilibrada. Consegue despertar a sensação de que por trás da ordem também pode estar a desordem emocional e a sede de vingança, que geram a violência vista explicitamente e sem máscaras na África. Consegue mostrar que apesar de tudo isso, há pessoas que praticam o bem por ideal, por formação, para construção de um mundo melhor. Os laços são fortes, intensos e marcantes. E por serem tão íntimos e humanos nos causam um grande impacto.

 

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