EFFACER L’HISTORIQUE | DELETE HISTORY

Cartaz do filme EFFACER L’HISTORIQUE | DELETE HISTORY

Opinião

Com muito, mas muito bom humor, os diretores Benoît Delépine e Gustave Kervern traçam o perfil dos nosso tempos. Plugados praticamente o dia todo, nossa vida é monitorada passo a passo, pensamento a pensamento. Com a certeza de que está tudo dominado por seres e pessoas atrás das telas, os diretores mostram que ainda somos capazes de rir de nós mesmos e que estamos todos, sem exceção, independente das diferenças culturais, no mesmo barco. Furado?

Pelas gargalhadas dos jornalistas na sessão de imprensa, isso ficou bem claro – sugere reflexões, mas faz questão de se escrachado, evidente, debochado. Debocha de nós mesmos. Effacer L’Historique, que seria traduzido aqui por “Apagar Histórico” – aquele recurso que usamos pra apagar os sites navegados na internet na esperança de apagar nossos rastros -, nos mostra a situação de três amigos, todos endividados, com as vidas enroladas pelas facilidades e entraves que a internet proporciona, pelo avesso com a nova forma de se relacionar, comprar, educar, trabalhar. Falando da questão da vigilância dos dados, do inteligência artificial, da fake news, vamos nos divertindo com esse cenário fascinante e perigoso em que nos metemos – e que não tem volta.

Effacer L’Historique tem um formato simples, quase como se fosse uma produção caseira. É pra dar mesmo essa sensação – de cumplicidade, de universalidade, de um espião viver entre nós todos os dias das nossas vidas. E, olha, embora a gente “apague o histórico”, ele não desaparece jamais.

  • Effacer L’Historique está na Competição pelo Urso de Ouro na 70. Berlinale

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