DO OUTRO LADO – Auf der Anderen Seite

Cartaz do filme DO OUTRO LADO – Auf der Anderen Seite

Opinião

Quem não se lembra de Babel, o filme que conta histórias aparentemente desconexas que compõem, aos poucos, uma teia complexas de relações multiculturais? Do Outro Lado tem também essa abordagem e remete a um fato bastante atual e, ao mesmo tempo, contraditório: isso que se chama de mundo globalizado, interligado, interdependente está recheado de gente sem identidade, sem rumo, sem vínculo familiar. Fizemos ao revés, desagregamos valores.

Entrar em muitos detalhes estraga as surpresas do filme. Mas não é segredo dizer que a morte movimenta os personagens – o próprio diretor a anuncia isso no começo cada bloco. É o gatilho para as mudanças de postura e atitude em relação à vida e às pessoas ao redor.

Sujeito sozinho, Nejat Aksu (Baki Davrak) é descendente de turcos, vive na Alemanha e por circunstâncias da vida resolve passar um tempo na Turquia. Ayten (Nurgül Yesilçay) é turca, ativista política e refugia-se na Alemanha após perseguição policial. Charlotte (Patrycia Ziolkowska) é uma estudante alemã que conhece Ayten na universidade. Não passa despercebida a cena do caixão que ora desembarca na Turquia, vindo da Alemanha, ora faz o caminho inverso. Entre outras tantas, é uma marca do caldeirão cultural europeu, das intolerantes fronteiras entre culturas complementares, das diferenças religiosas e das linguagens universais. A morte interrompe o rumo natural dos relacionamentos e parece ser a única alternativa para o resgate familiar. Mesmo que para isso fosse preciso compor famílias diferentes.

Do Outro Lado foi premiado em Cannes com o melhor roteiro e recebeu o Cesar de Melhor Filme Estrangeiro. Merecido. A trama é intrigante e muito envolvente. Faz refletir sobre a miscelânea cultural em que vivemos. De fato, aqui também tem uma babel.

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