DIAMANTE DE SANGUE – Blood Diamond

Cartaz do filme DIAMANTE DE SANGUE – Blood Diamond

Opinião

Recentemente publiquei um comentário sobre o filme Darfur – Deserto de Sangue, que me impressionou não pela qualidade do cinema, mas pela realidade africana da guerra civil. Imediatamente me lembrei de Diamante de Sangue, que na época do lançamento deixou todo mundo de queixo caído com as atrocidades cometidas na África pelas milícias que combatem os governos em diversos países, matam seus compatriotas, recrutam crianças para combater e inevitavelmente deixam milhões sem casa, família, comida, em campos de refugiados lotados espalhados pelo continente.

Diamante de Sangue trata especificamente de uma região africana: Serra Leoa. Nos anos 1990, suas minas de diamante eram motivo de disputa entre as milícias rebeldes Frente Revolucionária Unida e o governo, envolvendo contrabandistas que levavam as pedras para a Libéria, corrompiam as autoridades para exportar “legalmente” os diamantes para a Europa e atender ao mercado consumidor ocidental, ávido por joias. Na pele do ótimo Leonardo DiCaprio (também em A Origem, J.Edgar, Ilha do Medo, Titanic, Foi Apenas um Sonho), o contrabandista do Zimbábue, Danny Archer, vive desse trâmite, dançando conforme a música para atender aos chefões do tráfego africano, que abastecem o mercado europeu. Em plena guerra civil totalmente descontrolada, o pescador Salomon Vandy (Djimon Hounsou) é separado da família, forçado a trabalhar em uma mina, onde encontra um diamante rosa, que balizará toda a trama, manchará a mão de todos de sangue e será seu trunfo para ter sua esposa e filhos de volta. Enquanto cada um joga conforme seus interesses, a jornalista americana Maddy (Jennifer Connelly) é daquelas idealistas que não se conforma com o status quo, quer informar o ocidente do que acontece nos países africanos em guerra e delatar as empresas joalheiras que são coniventes com o tráfego de pedras preciosas e consequentemente de armas e munições para a guerra civil, sendo assim corresponsáveis pela morte de milhares de pessoas.

Além de ser eletrizante pela dramaticidade da situação de guerrilha e destruição, Diamante de Sangue toca no assunto do consumo de produtos gerados por uma linha de produção duvidosa e criminosa – assim como são aqueles produtos que advém do trabalho escravo. Não vou entrar no mérito do exagero ou não sobre o envolvimento da indústria ocidental no mercado ilegal de diamantes. Acho que o assunto em voga aqui é a lei da oferta e da demanda, bem mais amplo, que atinge vários setores da economia. Se não houver quem compre, não haverá oferta do produto, do contrabando, da droga, da pirataria, etc – tudo isso muito perto de nós. Indo mais além, pela voz da jornalista, vem à tona o domínio dos brancos sobre o continente africano, a exploração das riquezas do continente sem a preocupação com a formação, crescimento e sustentabilidade dos países.

Assistam a Diamante de Sangue. Outros bons filmes sobre a África ilustram situações desoladoras como:

Life, Above All – drama humano consequente da epidemia da AIDS – África do Sul

Minha Terra, África – relação dos fazendeiros de café europeus com milícias locais

Infância Roubada – marginalização das crianças – África do Sul

Hotel Ruanda – guerra civil – Ruanda

Flor do Deserto – denúncia da mutilação genital feminina (biografia de Waris Dirie) – Somália

O Jardineiro Fiel – denúncia da influência oportunista das indústrias farmacêuticas sobre os países africanos – Quênia.

 

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