DESDE QUE OTAR PARTIU – Depuis qu’Otar est Parti

Cartaz do filme DESDE QUE OTAR PARTIU – Depuis qu’Otar est Parti
Ano de lançamento:
Gênero:
Estado de espírito:
Duração:

Opinião

Na Geórgia independente, ex-república soviética, falta luz e água com frequência, além de emprego, oportunidades, prosperidade. Nada mais natural do que migrar, como fez Otar, para a Europa ocidental. Mesmo sendo médico, sujeita-se a trabalhar como pedreiro para ganhar a vida em Paris. E desde que Otar partiu, quem ficou na Geórgia faz disso um mito. Sua mãe Eka, uma senhora que viveu os tempos gloriosos de Stalin e ainda se gaba dessa época de “estabilidade”, acredita piamente que o filho é um herói. Ele parte, ela nutre seus dias com suas cartas, lembranças e um dinheirinho que ele manda.

É Eka quem comanda e dá o tom da narrativa da diretora francesa Julie Bertuccelli, também de A Árvore, publicada recentemente aqui no blog. Ao seu lado ficou o ramo feminino da família: sua filha Marina, ressentida e enciumada, faz parte da geração frustrada que teve a profissão e a possibilidade de uma vida melhor tolhidas pelo regime e sua queda; sua neta, Ada, uma moça inteligente e viva, que não vê perspectiva na Geórgia, mas que tem ainda acesa a chama do sonho de fazer uma carreira e viver em um lugar melhor. Elas coordenam a vida de Eka, sem perceber que Eka tem vida própria. Elas escondem um grande segredo, sem perceber que Eka também faz isso muito bem. O jogo de sabedoria e sensibilidade do filme nas questões humanas e familiares é muito interessante, fazendo, é claro, lembrar Adeus, Lênin! – em que também uma mentira tem como objetivo poupar alguém da dor, subestimando, assim, o olhar sagaz da maturidade.

Desde que Otar Partiu tem elementos opostos carregados de significado como a escuridão do apartamento e as luzes de Paris, o que torna o filme ainda mais sutil. E sensível, humano. A cena final do aeroporto, o entendimento de Eka do presente, passado e futuro é o que poderia se chamar de sabedoria.

Trailers

Comentários