DE TANTO BATER, MEU CORAÇÃO PAROU – De battre mon coeur s’est arrêté

Cartaz do filme DE TANTO BATER, MEU CORAÇÃO PAROU – De battre mon coeur s’est arrêté

Opinião

Jacques Audiard é também diretor do premiado O Profeta. Foi por isso que cheguei nesse filme intenso e contraditório. Filme forte, para uma hora em que esteja preparado para lidar com a violência de mãos dadas com a ganância, com a desestrutura familiar e a traição, com a solidão e a falta de ética, mas também com a música, que entra traçando um forte contraste entre tudo mais que exige ausência de sensibilidade.

O protagonista Tom (Romain Duris) é um sujeito que segue a carreira trambiqueira do pai (Neils Arestrup, também em O Profeta) no ramo dos imóveis, se cerca de amigos traiçoeiros, mas tem, sem dúvida, uma sensível percepção das coisas. Vê-se pelo seu sorriso tímido e pelas mãos. É como se a vida o tivesse cercado de uma série de armadilhas e ele não tivesse tido força – nem vontade ou incentivo – para dizer não e seguir seu coração. E o coração está na música, na herança da mãe pianista, na fase em que a viu tocar e em que desenvolveu o mesmo talento. É um personagem encurralado, que passa a sensação do coração que bate acelerado, que está metido em encrenca. Jacques Audiard segue essa mesma cadência rápida, entrecortada, nebulosa, escura.

A música é o ápice da história. Não dá para imaginar como ela entra nessa confusão que é a vida de Tom, mas encontra seu espaço tanto no filme, quanto na vivência desse seu lado sensível. Tom tem que escolher que caminho vai seguir, que visão de mundo vai guiar sua vida. Apesar de ser tudo muito intenso e extremo, parece uma metáfora de situações mais banais, de dualidades permanentes que não se misturam. De novo a música – tempera com suavidade e aguça outros sentidos.

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