AS HORAS – The Hours

Cartaz do filme AS HORAS – The Hours

Opinião

“Não se pode encontrar a paz evitando a vida.” – Virginia Woolf

 

Há uma escolha genuína entre a morte a vida. Até para que se encontre a paz. O que se diz também é que é preciso alguém morrer para que outros deem valor ao fato de estarem vivos, que reflitam sobre o assunto, que coloquem na balança a vida trivial, os momentos, a morte que vem certeira. Pesar tudo e decidir. De tanto pensar, morrem de fato por opção, ou por falta de opção, ou emocionalmente pelo abandono. De si e do outro.

Triste pensamento. Terminado As Horas, é a sensação que me passa pela cabeça. Triste pensamento não conseguir conviver consigo mesmo. Nas três histórias entrelaçadas, de três mulheres em épocas distintas, a escolha está sempre presente. Virginia Woolf (Nicole Kidman, irreconhecível, também em Reencontrando a Felicidade, Nine), a perturbada e instável escritora inglesa que publicou principalmente no entreguerras, não consegue lidar com seus sentimentos, sua solidão interior, seu questionamento, suas obras. Escreve o livro Mrs. Dalloway, que influencia profundamente Laura Brown (Julianne Moore, também em Minhas Mães e Meu Pai, Amor a Toda Prova, Ensaio sobre a Cegueira, Direito de Amar), uma dona de casa dos anos 1950, grávida e mãe de Richard, que também não é feliz na “sua vida trivial”. Questionadora também é a editora Clarissa Vaughn (Meryl Streep, também em Julie & Julia, Simplesmente Complicado, Manhattan, Entre Dois Amores, Dúvida), que vive nos anos 2000 e relaciona-se com um escritor (Ed Harris, também em Pollock, Caminho da Liberdade), que está morrendo de Aids. Sem uma linha cronológica – até para reforçar o conflito concomitante por que passam essas três mulheres – as personagens são entrelaçada na vida e principalmente no sentimento. Em toda a sua intensidade e incompreensão.

Jovem, porém sábia, a filha de Clarissa. Julia (Claire Danes) diz que uma vida trivial só é preocupante se a dona dessa vida achar que ela é realmente banal, que não tem graça, objetivo, amor, amizade. Se a dona da vida estiver feliz com a sua rotina, suas ocupações e relações, não é preciso esconder a melancolia, a frustração, a depressão atrás de uma suposta e fictícia felicidade. Virginia, Laura, Clarissa e tantas outras que o digam. Lindo, As Horas. Tocante, triste e muito feminino.

 

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