AMOR – AMOUR

Cartaz do filme AMOR – AMOUR

Opinião

Fui assistir a uma sessão de Amor em que a maioria das pessoas era da terceira idade. Acabou o filme, eu custei a me levantar. Quando acenderam as luzes do cinema, que notei o perfil da plateia, fiquei ainda mais emocionada. Se eu, que ainda não estou nessa faixa etária fiquei extremamente tocada com o depoimento amoroso do casal e cruel da vida como ela é, imagine aquelas pessoas.

Sei de gente que não aguentou – e é árduo mesmo. Amor vem conquistando prêmios mundo afora (ganhou Palma de Ouro em Cannes, Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e concorre ao Oscar em cinco categorias) e isso já atrai bastante gente ao cinema. Além do título que o diretor e roteirista Michael Heneke (também de A Fita Branca) escolheu para o filme, que é singelo e preciso, também não explicitar a dor – muito embora não haja amor sem sofrimento. Mas quem vai assistir esperando ver uma linda história de amor, descobre que estamos falando aqui de uma linda história de AMOR, com maiúscula, no sentido completo da palavra, com todas as suas implicações mais profundas e dolorosas. O tapa é forte demais. Se não me falha a memória, a palavra “amor” não é usada no filme, no entanto esse é o sentimento que existe no olhar de Anne (Emmanuelle Riva) e Georges (Jean-Louis Trintignant). Puro. Aliás, só amando muito mesmo. Mas mesmo com ele, o realismo da tragédia que vem com a doença e com a idade chega a cortar esses corações repletos do mais nobre sentimento.

Aguentar é duro e cada um sente o filme dependendo da idade em que está. Mesmo projetando para o futuro essa dor, sorte de quem pode projetar para o futuro um relacionamento duradouro como o de Anne e George. No meu caso, fica mais fácil me colocar no papel de Eva (Isabelle Huppert, também em Minha Terra, África, Copacabana, A Bela que Dorme, Em Nome de Deus), uma filha que pouco contato tem com os pais, mas que se vê no direito de ditar as regras quando a situação vive seu maior drama. Tocante a cena em que George impede que qualquer decisão egoísta da filha possa interferir na cumplicidade do casal. Vão cuidar um do outro até morrer. Isso é inegociável e uma prova de amor.

Anne e George estão casados há décadas, talvez uns 50, 60 anos. Pelos detalhes escolhidos pelo diretor e roteirista do apartamento, da rotina, da maneira de falar um com o outro, construíram uma vida juntos. Sempre juntos, no sentido real da expressão. Ser um casal é condição primeira de seguir vivendo. Para poucos. Ninguém sai ileso de Amor.

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