A VOZ DO SILÊNCIO

Cartaz do filme A VOZ DO SILÊNCIO

Opinião

Apesar dos ruídos, o que São Paulo mais tem são vazios. No caleidoscópio dos personagens reunidos em A Voz do Silêncio, impera a solidão, a luta pela sobrevida, a busca da dignidade perdida. Tem uma réstia de compaixão – mas é preciso parar pra escutar o que essa voz, que grita tão alto, quer dizer.

A Voz do Silêncio tem aquele formato de filme de muitos personagens, incialmente desconexos, mas que, pouco a pouco, vão se cruzando. No decorrer da narrativa vamos saber o que uma dançarina de boate tem a ver com o apresentador de rádio, que conhece o porteiro do prédio, que pode ter relação com o restaurante japonês ou com o atendente de telemarketing, ou com o funcionário corrupto e pervertido. Da moça dançando balé à senhora solitária e delirante, as facetas paulistanas são mostradas com força e sutileza. Tem humanidade – vai ver que é por isso que consegue reunir tantos sentimentos.

André Ristum, diretor e roteirista também de Meu País, ganhou o prêmio de melhor diretor em Gramado pela obra, também vencedora na montagem. Merece. É um belo e melancólico caleidoscópio – aberto, com histórias de vida conectadas e desconectadas ao mesmo tempo. Poderia ser qualquer metrópole, mas São Paulo é uma boa anfitriã quando o quesito é ouvir silêncios.

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