A VIDA DOS OUTROS – Das Leben der Anderen

Cartaz do filme A VIDA DOS OUTROS – Das Leben der Anderen

Opinião

O próprio título A Vida dos Outros já diz muito do que este filme, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007, traz. Vigiar, controlar e invadir a vida dos cidadãos é profissão na Alemanha Oriental, onde não se pode ser o que se quer, principalmente se ser artista é algo subversivo. Num retrato cheio de suspense, o drama alemão dimensiona e emociona, sendo um dos mais emblemáticos filmes pra falar da divisão alemã na Guerra Fria.

Estamos na antiga Alemanha Oriental, em 1984, quando os cidadãos eram ainda totalmente vigiados pelo serviço secreto do partido, especialmente artistas, escritores, atores. Cabe ao agente Anton Grubitz (Ulrich Tukur, ótimo no papel) a tarefa de espionar o maior dramaturgo da Alemanha comunista, Georg Dreyman (Sebastian Koch). Embora conste nos arquivos do partido que ele colabore com o regime, o escritor e sua namorada Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck, também em O Grupo Baader-Meinhof) têm seus passos monitorados dia e noite. Confira o resto, vale a pena – envolve do começo até, literalmente, a última cena.

O suspense segue até o final, retratando a situação política e o fim agonizante do regime comunista. Mostra a vigilância do ponto de vista do espião, no seu universo frio, impessoal, sistemático, autoritário, no prédio onde mora, nas instalações da Stasi, nos diálogos. Tudo isso contrasta com o mundo criativo, musical, emotivo, contestador e trágico da vida dos artistas, evidente em suas casas, ideias, pensamentos, relações, frustrações e riscos. Repare nos detalhes. Para quem tem uma realidade cinzenta e apática, a vida dos outros ganha uma dimensão diferente, muito além de uma ameaça ao status quo. Ganha a dimensão de uma vida de verdade, com escolhas, perdas, ganhos, mas principalmente recheada de relacionamentos humano.

 

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