A VIAGEM DE YOANI

Cartaz do filme A VIAGEM DE YOANI

Opinião

Quando seu livro De Cuba, Com Carinho, que traz uma compilação dos seus textos publicados no blog Generación Y, foi lançado no Brasil em 2009, Yoani Sánchez não pode vir para o evento. Apesar das inúmeras tentativas de obtenção de visto de saída, só conseguiu permissão em 2013, quando enfim desembarcou por aqui.

Essa viagem foi objeto deste documentário feito pelos diretores Pepe Siffredi e Raphael Bottino. Vemos sua passagem conturbada pela Bahia, o assédio e protesto em São Paulo, as controvérsias entre aqueles que a apoiam e aqueles que dizem que ela é uma agente da CIA contratada para falar mal do regime dos Castro. Fato é que, num mês em que muito se falou sobre Cuba na mídia por causa do encontro entre Raúl Castro e Barak Obama e da suspensão do embargo econômico à ilha, o filme é lançado e pode, por isso, chamar atenção dos espectadores.

Já aviso que é muito tumultuado. Ficamos conhecendo a história de Yoani, uma moça simples e curiosa, que não se conforma com a censura cubana, faz seu primeiro computador com suas próprias mãos e acaba se tornando uma das blogueiras mais acessadas do mundo. Isso tudo num país em que a internet não é liberada e em que não há conexão em casa. No mínimo, Yoani é ousada e corajosa – e tem uma história interessante para contar.

Mas é aqui que quero chegar. Muita coisa fica de fora, inclusive o que mais me interessava: a realidade cubana propriamente dita, dessa galera que navega numa internet proibida, envia arquivos e textos clandestinamente, é traduzida em diversas línguas no mundo todo, dá um jeito de se comunicar. Como funciona esse rede de colaboradores? Ou seriam agentes da militância capitalista? O documentário mostra o que fez Yoani no Brasil – e toda a confusão que foi armada em torno da sua chegada, sem muito espaço para discussões construtivas. É até repetitivo – e a figura de Eduardo Suplicy não ajuda muito. Apesar do esforço dos diretores de acompanharem a blogueira e mostrarem as próprias dificuldades de fazer o filme nessas condições tumultuadas – o que dá veracidade ao documentário – fica mais com cara de reportagem barulhenta do que qualquer outra coisa.

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