A ROSA PÚRPURA DO CAIRO – The Purple Rose of Cairo

Cartaz do filme A ROSA PÚRPURA DO CAIRO – The Purple Rose of Cairo

Opinião

Este filme de Woody Allen (diretor também de Vicky Cristina Barcelona Tudo Pode Dar Certo) homenageia o cinema – em que a ficção invade a realidade e vice-versa. Ou seria um divertido e poético retrato do processo de criação do cinema, que nada mais é do que uma releitura da vida? Na visão de Allen, nada mais justo que a arte imitar a vida na mesma medida, deixando seu personagem sair (literalmente) da tela para fazer parte da vida real.

Com inúmeras referências ao cinema, seja de filmes ou personagens da época, Rosa Púrpura do Cairo é uma pérola que vale ser revista. Uma leitura interessante dessa época da Grande Depressão americana, em que reinava o desemprego, a pobreza e a descrença após a crise de 1929, em que o cinema servia de alento, esperança e alegria, uma forma de fugir do mundo real. Uma reflexão sobre a criação e a criatura, sobre quanto um influencia o outro, quanto um depende do outro para viver. Não seria assim com os diretores e atores? O que seria de um sem o outro? É um pouco com sente o amante da arte, seja ela na forma que for – escrita, filmada, desenhada, cantada, etc. O imaginário complementa e um se identifica com a visão do outro. Cecilia, personagem de Mia Farrow, vive um romance com o personagem que sai da tela, e um pesadelo com seu marido real. Fica engraçada a situação dos outros personagens do filme, que não podem continuar a história porque falta o ator e que também querem ter o direito de fazer outra coisa além das cenas e falas sempre iguais, determinadas pelo roteiro. A realidade é sempre relativa.

Para gostar de A Rosa Púrpura do Cairo é preciso acreditar que o cinema é real, já que é o retrato do imaginário de pessoas de verdade; para gostar do filme de Woody Allen é preciso acreditar que o cinema é ficção, que através dele tudo é possível. Mais uma vez o cinema falando dele mesmo, uma ferramenta que agrega significado, à vida e à arte.

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