Opinião

Nem só de filmes que retratam os conflitos humanos vive o cinema francês. A Riviera Não é Aqui é prova disso. Mostrando que é possível rir das próprias peculiaridades e assim criar uma imediata empatia com o espectador, o filme diverte também a nós, brasileiros, que não estamos familiarizados com as diferenças culturais entre o norte e o sul da França. Afinal, é só pensar na diversidade brasileira de cultura e de sotaques do português que fica tudo muito engraçado e despretencioso.

Para quem fala francês, lógico que tem mais graça. Mas mesmo se não for o seu caso, a legenda em português tenta, à medida do possível, cuidar desse detalhe. Isso porque Philippe (Kad Merad, também em O Pequeno Nicolau, Não se Preocupe, Estou Bem) trabalha no correio francês , numa cidade no sul da França, e quer ser transferido para a Riviera Francesa. O lugar é muito concorrido, mas sua depressiva esposa deseja isso desesperadamente. As falcatruas não funcionam para agilizar a transferência e, ao contrário do esperado, ele é enviado para a pequena, chuvosa e gelada cidade de Bergues, em Nord-Pas-de-Calais, no norte do país. Embora sua esposa Julie se negue a ir, ele não tem escolha senão se adaptar aos hábitos regionais e ao curioso dialeto ch’ti. Entender o que as pessoas dizem passa a ser uma aventura para Philippe.

A Riviera Não é Aqui não pretende discutir relações de família, nem tratar dos conflitos pessoais de ninguém. É um filme leve, que levou quase 20 milhões de pessoas ao cinema na França. O comediante Dany Boon é natural da região de Nord-Pas-de-Calais e começou fazendo comédia stand-up satirizando sua terra natal. Fez sucesso e escreveu este longa, em que atua como Antoine.Vale a pena, principalmente para quem tem o preconceito contra os franceses densos e dramáticos. Aqui, a proposta é se divertir e pensar, só um pouco, nas curiosas diferenças culturais regionais presentes em qualquer país.