A PARTIDA – Departures

Cartaz do filme A PARTIDA – Departures

Opinião

Reza a tradição milenar japonesa que o morto deve ser arrumado, maquiado, penteado, para ser colocado caixão com uma aparência impecável, “como se estivesse vivo”. É um ritual, feito diante de toda a família. Só então o corpo é cremado. A Partida mostra bem como isso se dá e é interessante para nós, ocidentais, que temos uma cultura tão diferente.

Mas essa é a parte prática do filme. Ele vai além. Conta a história de Daigo, violoncelista de Tóquio que perde o emprego e se muda com a esposa para sua cidade natal. Consegue trabalho como assistente funerário: prepara os mortos para a “partida” definitiva, da maneira japonesa. É justamente esse o ponto da virada. Ao lidar com os mortos, com o sofrimento de seus familiares, com as histórias de vida que ouve enquanto está preparando os corpos, aguça seu lado sensível e reflete sobre suas perdas no decorrer da vida, a falta que o pai lhe fez desde que o abandonou quando criança, o rancor que sente e o sentido que precisa buscar para seguir em frente.

Com cenários bem cuidados (repare na casa de Daigo por dentro), apesar de falar de morte, tem uma trilha sonora que coloca o filme para cima, algumas vezes com ele próprio tocando violoncelo ao ar livre. Sensação de paz nessa passagem.

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