A NOIVA SÍRIA – The Syrian Bride

Cartaz do filme A NOIVA SÍRIA – The Syrian Bride

Opinião

Sabemos que casamento arranjado é praxe em alguns países. O plus dessa noiva síria é que, ao se casar não poderá rever sua família, nem voltar para seu país. É o retrato das discórdias do Oriente Médio, que além de criar guerras e desavenças, plantam sementes que beiram o bizarro, senão o puro absurdo.

A noiva é Mona (Clare Khoury), da etnia drusa que vive nas Colinas de Golã, bem na fronteira de Israel e Síria, mas está sob domínio israelense há anos. Por ser uma região disputada pelos dois países, os drusos praticamente não têm nacionalidade definida. O noivo é Tallel (Derar Sliman), um apresentador de televisão sírio, que está pronto para receber Mona do lado de lá da fronteira.

Isso não é força de expressão:grande parte do filme se passa de fato na árida e controladíssima fronteira sírio-israelense. Mas os entraves políticos, burocráticos e nada razoáveis inviabilizam o casamento de uma maneira quase surreal.

Fico pensando como a vida dessas pessoas é complicada. Quanto ego e quanta discórdia. Mas esses fatos políticos são contados de maneira humanista, bem-humorada e ao mesmo tempo dramática. A construção dos personagens ilustra bem os tipos humanos que foram construídos com tanta confusão. Amal (Hiam Abbass, também de Lemon Tree) é irmã de Mona, tem ideias liberais que enlouquecem seu marido e fazem sua vida uma privação sem fim; Hattem (Eyad Sheety) é o irmão mais velho, que rompe com a tradição, sai do país para se casar com uma médica russa (Evelyn Kaplun); Marwan (Ashraf Barhoum) é o mais novo da família, que mora na Itália e vive de negócios escusos; e para completar o pai Hammed (Makram J. Khoury), é ativista árabe pró-síria, e leva a ferro e fogo as tradições religiosas e familiares.

É como na vida real: tanto desacordo precisa da intervenção de outros países e organizações para tentar a convivência pacífica. Nessa função está a funcionária francesa da Cruz Vermelha, a bela Jeanne (Julie-Anne Roth), que procura uma brecha de racionalidade nessa fronteira tão egoísta.

O filme é interessantíssimo. Um retrato da capacidade humana de complicar e de dificultar a vida, mas também de conciliar. É só uma questão de vontade – muitas vezes, política.

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