A COR PÚRPURA – The Color Purple

Cartaz do filme A COR PÚRPURA – The Color Purple

Opinião

Parece mentira, mas não é. A produção também “púrpura” de Woody Allen, publicada há alguns dias no Cine Garimpo, fez-me lembrar de A Cor Púrpura, obra de Steven Speilberg. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, é verdade. Mas as associações são sempre interessantes quando se trata de garimpo de repertório.

A púrpura da vez é logo notada na primeira cena do filme. As irmãs Celie e Nettie correndo no campo de flores púrpuras é uma imagem linda, até poética. Depois disso, o que se segue é a saga pessoal de Celie (quando adulta na pele da incrível Whoopy Goldberg, que ganha aqui notoriedade). Como ela mesma diz, “negra, pobre e mulher”. Motivos suficientes para uma vida de privações, sofrimento, submissão – vida de marionete na mão dos homens, ora pai, ora marido.

Estamos em 1906 e por isso temas como casamento arranjado e com homens mais velhos, posição de esposa submissa e servil, analfabetismo e surras são parte do contexto (também vivido pela personagem de Oprah Winfrey). No estado da Georgia daquela época, a herança da escravidão é fortemente marcada pela submissão do negro na sociedade. Embora todo esse panorama seja pincelado no filme, o que toca são as relações humanas no que elas têm de mais cruel, como a separação da mãe e dos filhos, a separação das irmãs, uma vida de humilhações; mas também no que elas têm de mais generoso e fraterno com todos os laços e gestos do filme.

A obra de Spielberg tem a sensibilidade de sempre, o detalhe de sempre, o olhar humano que faz a escolha do filme um acerto.

Trailers

Comentários